terça-feira, 4 de janeiro de 2011

É Hora de Acordar!

Carmen Sílvia Musa Lício

Quantas vezes lutamos, brigamos, almejamos e batalhamos para conseguirmos algo que julgamos ser indispensável, “super importante”... E quando alcançamos, vemos que não era “tudo aquilo” que imaginávamos, que a propaganda era maior do que o conteúdo e sentimos que corremos “atrás do vento”, ou “atrás de nada”.

Quando vejo pessoas que se sentem tão importantes devido ao seu “status”, à sua posição social, ao poder que têm, ou aos bens materiais que possuem, fico pensando na brevidade das nossas vidas, no que deixaremos de legado para a posteridade (é muita pretensão?), ou pelo menos no que deixaremos de valores para os nossos filhos.

Não pensem que sou contra o “querer ter bens materiais”. Acho que o conforto, as possibilidades que o “vil metal” nos trazem são muito bem-vindos, desde que granjeados com dignidade, com ética, sem lesarmos nossos “iguais”. Creio ser importante termos ambição, desde que ela não seja desmedida. Ambição é um sentimento que nos leva a progredirmos, a fazermos planos, a nos organizarmos... é um sentimento saudável. Agora, quando passa dos limites e nos coloca uma “viseira” e não conseguimos mais enxergar os outros, nem os métodos empregados (os fins não justificam os meios!), aí se transforma em ganância, sede de poder, ou sei lá mais o que... Torna-se destrutivo...

Quantas vezes corremos atrás de um padrão para nós e nossos filhos e nos esquecemos de dar a eles o presente mais caro e precioso que eles necessitam: a nossa companhia, a nossa atenção, o nosso “ouvir”. Até assistindo a “famigerada” televisão podemos, desde cedo, ensiná-los a serem espectadores críticos, que podem assistir, conforme a idade, é claro, e não concordar com tudo o que vêm. Esta visão crítica do mundo e dos acontecimentos só se consegue com o tempo, comentando as notícias, as novelas, filmes, livros e os acontecimentos corriqueiros do dia a dia, e, para isto, temos que escutá-los desde crianças, mesmo as histórias “mais banais”.

A sociedade moderna tenta nos impingir um padrão e uma super-valorização das coisas que nos leva a correr delas e, neste afã, acabamos perdendo momentos muito importantes, como as risadas com os nossos filhos, suas angústias, suas alegrias, seus medos... Acabamos nos acostumando a não fazer parte do seu mundo e quando nos sentimos excluídos, ficamos espantados... Ou quando vemos as dificuldades nas quais se meteram, nos perguntamos:
-“Onde foi que eu errei?”.
Erramos em não compartilharmos as suas alegrias e tristezas, em não “jogarmos conversa fora” com eles, em não acompanhá-los nos seus momentos importantes, em não demonstrarmos amor e interesse por suas vidas, em não tentarmos conhecer os seus amigos, em não impormos limites; em procurarmos parecer tão perfeitos aos seus olhos que eles ficam sem graça, ou com medo, de nos falar sobre seus erros, suas dúvidas, seus tropeços, seus anseios...

Aí, quando nos damos conta, perdemos nossos filhos para o mundo, sem termos para quem reclamar...

É verdade, criamos nossos filhos para o mundo, sei disso, mas poderíamos prepará-los melhor para enfrentar a vida sem se corromperem, sem perderem de vista os valores aprendidos, sem se importarem tanto com “o que o grupo vai achar”, sem se perderem pela vida.

Fala-se muito em Educação, como se a educação fosse aprendida só na escola. A educação começa em casa e a família que deixa de fazer a sua parte na formação dos seus filhos corre o sério risco de se surpreender, no mal sentido, com os resultados. Quando abdicamos do nosso dever de orientarmos a nossa prole, damos espaço para que outros o façam em nosso lugar e a colheita pode não ser tão benéfica, ou não tão feliz...

Temos que reavaliar as nossas prioridades, colocarmos metas para o desenvolvimento dos nossos filhos, dedicarmos tempo à nossa família, desenvolvermos atividades com nossos filhos. E sempre, sempre, nos relacionarmos com as demais pessoas de uma forma respeitosa, para que nossos filhos aprendam conosco como se relacionar com os outros.

Por isso, eu repito, temos que acordar!!!

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