sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Resiliência

Carmen Sílvia Musa Lício

Êta palavra difícil!!! Que vem a ser isto? Demorei mais de meio século para escutar e saber seu significado. Como consegui viver tanto tempo sem saber “que raios” vem a ser isto, não sei! Não sou “expert” no assunto, mas, trocando “em miúdos”, resiliência é a capacidade dos materiais de, após algum impacto, retornarem ao seu estado original.
Os engenheiros usam este termo para falar dos materiais a serem utilizados em alguma obra; de sua capacidade de suportarem adversidades...e continuarem com as suas características originais.

Pois é, resiliência é um termo interessante, que pode ser aplicado às pessoas... Tem pessoas que são resilientes, ou seja, conseguem se refazer rapidamente após as “intempéries da vida”, após uma perda importante, após um acidente, separação ou trauma... Outras, após qualquer acontecimento desagradável e inesperado, parece que se “esborracham” emocionalmente, ficando, às vezes, sem ação, ou demoram a voltar ao “seu normal”.
É como a dor, cada um tem seu limiar de dor... Enfim, umas pessoas são mais resilientes, outras menos!!!

Quando o governo resolve aumentar os impostos, haja resiliência! Quando o nosso cônjuge resolve nos trair, haja resiliência! Quando recebemos contas e mais contas a pagar, haja...e haja...e haja... Haja resiliência, e paciência, e bom humor, e sei lá mais o que...

É necessário “quilos” de resiliência (será que pode quantificar assim? Ou será que é como o PEI dos pisos cerâmicos? Confesso a minha ignorância “engenheirística”...) para continuarmos “firmes” após os telejornais diários, só nos falando de assaltos,. da miséria que grassa em nosso país (não confundir com graça, pois de graça não tem nada; só desgraça...).

Todos os dias ficamos sabendo de mais uma tragédia, de mais uma guerra, de mais alguma falcatrua do governo, de mais algum “crime de colarinho branco”, que de tão antigo, deveria ser chamado “crime de colarinho encardido”.

Deveríamos ser resilientes ao extremo!!! Após uma noite mal dormida, acordaríamos com “cara de anjinho”. Após aaaanos de vida, continuaríamos com “tudo em cima” (e em baixo também!). Não seria “por demais”???

Bom, voltando ao nosso termo, você deve estar se lembrando de infinitas situações que, se fôssemos resilientes, conseguiríamos atravessar com um estofo bem maior!

Vocês se lembram daquele boneco inflável que ganhávamos de presente quando crianças, que, por mais que você batesse, chutasse, ou jogasse para o alto, conseguia cair e se manter em pé, e sorrindo? Era divertido tentar desequilibrar o “João bobo”. Por mais que tentássemos, o João bobo voltava a se manter em pé, mesmo que demorasse um pouco mais, dependendo da queda ou da altura que fosse jogado...e sempre com um sorriso... Pois é, o João bobo era resiliente!!!

Eu também quero aprender a ser mais e mais resiliente, apesar dos revezes, das inúmeras adversidades, e ficar firme, sempre em pé, mas não com o sorriso do João bobo... Resiliente, sim; “João bobo alegre”, não!!!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Por que nos sujeitamos a tanta coisa???

Carmen Sílvia Musa Lício

Tenho visto tantas mulheres se sujeitarem a tantas situações inacreditáveis, de dar dó, ou raiva, sei lá...

A mulher conquistou duramente o seu espaço. Faz parte atuante do mercado de trabalho, da direção das empresas, do cenário político, enfim, “faz e acontece”.

Além do trabalho fora, continua em seu turno cotidiano familiar, procurando equilibrar-se na corda bamba entre os afazeres “trabalhísticos” e afazeres domésticos, como dona de casa, esposa e mãe...

Se alguém fica doente, é a mulher que tem que se sacrificar e faltar ao serviço para levar um dos filhos ao pediatra, ou correr para dar um jeito de “dar conta da criança”, do serviço ou, pelo menos, “arranjar” alguém para ficar com o “filhote” até poder voltar para casa, esbaforida, preocupada, “atropelada”, cansada, mas com “pique” para cumprir o seu turno noturno (tomara que o filho durma bem esta noite!). Isto sem contar se o marido não resolver “bater o cartão”; afinal, ela é sua mulher.

Isto que estou escrevendo não é nenhuma novidade, sei disto... Realmente, para um casamento dar certo, temos que abrir mão de muitas coisas, que nos desdobrarmos entre multi-tarefas, entre o “óbvio e ululante” e o imaginável e esperado, às vezes não tão claro.

Voltando ao início, tenho visto algumas mulheres se sujeitarem a situações, no mínimo, insustentáveis. Como aceitar um casamento onde a mulher, além de trazer o provimento para casa, é rotulada de “preguiçosa”, ou de incompetente, ou ainda é desrespeitada, quando não agredida verbalmente e, às vezes, até fisicamente?

Creio que se um casamento não está mais “dando certo”, é melhor cada um ir viver a sua vida e se separarem conservando um certo respeito. Ninguém é obrigado a conviver com ninguém. Mas tenho visto algumas mulheres se sujeitarem a um casamento de frustrações, de reclamações eternas, de descaso, de traições; tudo isto para não perder “o padrão”, não ter que “dividir o patrimônio”, por medo de ter que “ir à luta” para criar e educar os filhos sozinha.

Creio que isto, além de não fazer bem à própria pessoa, também não faz bem aos filhos. Em que clima estes “inocentes” crescerão? E qual é a idéia que terão sobre o casamento?

Não sou a favor de separações, muito menos as incentivo... Devemos investir na relação, não só esperarmos que o outro “cumpra a sua parte”, nem que “o outro mude”. Cada um tem que investir muito para um casamento dar certo. Temos que fazer concessões, colocar limites, sabermos “negociar”( no bom sentido). Um casamento só dará certo se houver muita compreensão, respeito, amor e cumplicidade (Será que estou querendo demais?). Ah! me esqueci, também tem que haver uma boa dose de perdão! Ainda tem que haver mais coisas como solidariedade e muito, muito diálogo. Muitas vezes um dos envolvidos não se comunica e já tira conclusões a respeito de algum acontecimento ou atitude do outro, e daí vai... Cada um tira suas conclusões, em geral precipitadas e até errôneas...

A comunicação entre o casal é algo muito importante a ser preservado e cultivado.

Não dá para viver um casamento de “faz de conta” nem nos acomodarmos para não “sairmos perdendo”. Quando nos sujeitamos demais, corremos o risco de acabarmos nos anulando e entrarmos em depressão, ou passarmos pela vida sem vivê-la. Será que é isto que queremos para nós, para os nossos filhos?

Creio que tudo o que acontece conosco serve para nos fazer crescer como seres humanos. É muito bonito vermos uma pessoa sair do marasmo, e “ir à luta”, tentando se superar, aprendendo com os próprios erros e com os erros dos outros. Sim, com os erros alheios! Não precisamos cometer “todo tipo de besteira” para aprendermos. Podemos “nos economizar” e percebermos que algumas atitudes não nos convém. Para que “bater com a cabeça por aí” para depois percebermos o quanto nos machucamos? Sejamos mais coerentes, aprendendo com a vida...

Já vi muitas mulheres que, quando viram seu casamento “ruir” como castelo na areia, e que, após o “período de luto”, se levantaram e, para tentar dar um futuro melhor para si e para os filhos, estudaram o que não puderam estudar antes (ou não quiseram) e, aos poucos, saíram “do caramujo”, caminhando pela vida com novas perspectivas... Isto sim é “dar a volta por cima”!!! A estas mulheres batalhadoras e incansáveis “tiro o meu chapéu”!!!

Também considero verdadeiras heroínas as mulheres que conseguem se equilibrar entre o casamento, a casa, os filhos e o emprego!!! Têm que fazer uma ginástica física e mental enormes, pois não é fácil dar conta de tudo e ainda permanecer firmes, pacientes e acolhedoras ao mesmo tempo. E haja saúde para suportar todas as tormentas da vida!!!

Cada uma tem encontrar a melhor maneira para manter ou não um casamento. É bom investir num relacionamento... o que não dá é para “ir levando”. Melhor seria procurarmos um equilíbrio a fim de vermos qual a melhor conduta, e não nos arrependermos mais tarde. Não devemos jamais tomar atitudes precipitadas; em época de crise é melhor pararmos para pensar e depois tomarmos uma atitude com maior clareza.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Relacionamento a Dois


Carmen Sílvia Musa Lício

Um dos relacionamentos mais difíceis de se compreender e de se manter é o relacionamento conjugal. Quando digo conjugal, estou falando do relacionamento entre um homem e uma mulher, morando debaixo do mesmo teto, casados ou não.

Você deve estar me achando “topetuda” por tentar escrever sobre este assunto tão controverso... Também acho; afinal não sou psicóloga, mas não tenho a pretensão de ser “a última palavra sobre o assunto”, muito menos esgotá-lo. Apenas quero tecer alguns comentários sobre o assunto, baseada na minha vivência pessoal, no que tenho lido, visto ,ouvido e pensado a respeito... Espero que sirva de ajuda para alguns, de “provocação positiva” para outros, enfim, de estímulo a pensarmos no assunto com mais cuidado.

Desde que nos entendemos “por gente”, pensamos em encontrar o nosso parceiro(a), aquele (ou aquela) que nos completará, que nos fará sentir aquele “friozinho na barriga”, ou pensar que temos “borboletas no estômago” quando o (a) vemos.

Então, lá pelas tantas, encontramos o tão idealizado parceiro, ou parceira. Começamos a namorar, a nos conhecer e, após algum tempo (que julgamos o suficiente, mas talvez não o necessário), resolvemos nos tornar “um só”. É aquela alegria! Tudo fica lindo, ficamos “nas nuvens”...

Só que após um tempo de convivência começamos a ver que “não era bem assim” que imaginávamos que seria o nosso “caso de amor”. Aí vem o “acordar para a realidade”, o “cair das nuvens”, a decepção, a revolta, a melancolia... Enfim,cada um tem a sua maneira de vivenciar esta fase.

Como ainda estamos apostando no tal relacionamento, procuramos nos adequar, fazer acordos, tentamos ver o “outro lado” para vermos como agir ou reagir... sei lá!

É nesta fase que mostramos se somos ou não maduros e se sabemos nos adaptar a novas situações. É uma boa oportunidade para amadurecermos e colocarmos na balança os prós e contras deste relacionamento (o que já deveríamos ter feito antes de nos aventurarmos em tamanha empreitada) e procurarmos juntos solucionar ou diminuir nossas diferenças. É um processo moroso, de muitas renúncias (de ambas as partes), de exercitarmos o perdão, de termos muita paciência e aprofundarmos o amor, enfim, alcançarmos uma vida a dois, apesar de conservarmos a nossa individualidade. Conseguindo superar esta fase, criamos um elo mais profundo e duradouro e conseguimos criar um clima de maior entendimento, cumplicidade e intimidade.

A dificuldade de um relacionamento a dois já começa pelas diferenças entre os sexos (estou sendo previsível demais?). Não vou escrever sobre as diferenças anatômicas, pois são óbvias demais, mas das diferenças emocionais, culturais e de expectativas entre os sexos...

A mulher, desde pequena, é criada para ser a parte “mais frágil” do relacionamento, para viver em função da família, para ter filhos e “ser cuidada” pelo esposo, o “provedor do lar”.

É verdade que estes papéis estão em constante mudança e já não é mais tão simples assim.

Mas, a mulher espera do casamento segurança, tanto física quanto emocional, e muitas “coisinhas” mais, tais como: respeito, atenção, cavalheirismo, companheirismo, proteção, valorização... ao mesmo tempo que quer se realizar, ter liberdade e autonomia. Enfim, que o homem satisfaça todas as suas necessidades, sendo compreensivo, acolhedor, forte, sábio.

Ao mesmo tempo que quer “pertencer”, quer ter independência... Dá para acreditar? Quer que o esposo seja líder, mas ao mesmo tempo seja gentil... Qual é o “super homem” que consegue ser tudo isto, e mais um pouco? Temos que lembrar que homem algum será capaz de preencher todas as suas necessidades. É simplesmente impossível!!!

Aliás, não podemos esperar que o outro preencha todas as nossas necessidades, ou então o casamento estará fadado ao fracasso...

A mulher precisa sentir que os seus sentimentos são validados pelo esposo, mesmo que pareçam confusos para ela, e ser por ele aceita, “apesar de tudo”. Se, às vezes, nem ela se entende!!! Necessita ainda da aprovação do marido, para manter a sua auto-estima, e de escutar sempre que ele a ama, para se sentir segura. Isto faz parte do “ser” da mulher.

Quando um homem diminui freqüentemente a sua mulher, tanto em público quanto em particular, acaba destruindo a sua auto-imagem, sua auto-estima e o seu senso de identidade própria.

Por outro lado, o homem é educado para ser o “provedor do lar”, o responsável pelas decisões mais importantes, o chefe do lar. O instinto do homem é lutar para conquistar, para vencer...

A casa e os filhos, enfim, o lar, é uma extensão da personalidade da mulher, assim como o trabalho é uma extensão da personalidade dele. Mesmo que a mulher trabalhe fora, sua prioridade é sempre o bem estar da sua família...

Enfim, o homem resume-se em “ação”, enquanto a mulher resume-se em “emoção”. Será que estou simplificando demais? Talvez esteja...

Não é difícil vermos, portanto, por que a dificuldade de nos entendermos com o nosso parceiro... São expectativas diferentes, mundos interiores muito diversos, histórias de vida singulares, objetivos diferentes...

Hoje em dia, os casais casam já pensando que “se não der certo, caio fora”. Na primeira dificuldade já começam a pensar em desistir, se compensa continuar e coisas “do gênero”. Desta forma acabam não se empenhando o suficiente para que a situação seja resolvida. Muitas vezes agimos de forma leviana e egoísta, sem nos importarmos com o que o outro está sentindo ou pensando. Assim fica difícil entrarmos em acordo e o amor vai se gastando, desgastando, até acabar.

O casal que pensa estar se casando somente com o outro, deixando a família de lado, está redondamente enganado. O parceiro é fruto da sua família, com seus erros e acertos, suas crenças, sua bagagem de vida... Não dá para o casal se “isolar”, julgando que nada os afetará...O “pacote” é completo, não dá para “compartimentalizar”, fingindo que nada vai nos afetar. Os revezes da família do outro acabam exigindo de nós, muitas vezes, tomadas de decisão que nos afetarão como casal e como família.

Outro “probleminha” bastante sério é quando um dos cônjuges acha que pode "mudar" o outro após o casamento. Ninguém muda ninguém; no máximo podemos mudar a nós mesmos, ou baixarmos o nosso nível de expectativa com relação ao outro, ou com relação à união em si.

Para que um relacionamento possa subsistir, precisamos pensar mais no outro do que em nós mesmos. Tentar fazê-lo feliz, pois só assim seremos felizes, visto que desta forma o retorno do outro será mais benéfico para alicerçar a relação a dois.

Quando o homem volta ao lar, após uma jornada de trabalho, precisa do “repouso do guerreiro”; de sentir-se bem para refazer as suas forças para o dia seguinte... Como a mulher ficou o dia todo com os “metralhinhas”, cuidando da casa, da roupa e do jantar; quer ter uma conversa com alguém adulto, que lhe dê atenção e carinho... Já o marido deseja uma “meia hora” de paz para depois, já um pouco refeito, poder se inteirar das novidades familiares, curtir os filhos, rir das traquinagens...

É necessário estabelecer uma rotina familiar saudável. Por exemplo, ao chegar, o marido já encontra os filhos com o banho tomado, toma o seu banho e os entretém enquanto a esposa, cansada da correria com os filhos, ultima o jantar. As crianças, dependendo da idade, podem auxiliar a colocar a mesa para a refeição. Após o jantar, enquanto as crianças colocam o pijama, escovam os dentes e escutam uma história lida pelo pai, a esposa lava a louça. Após se deitarem os pais se despedem, deixando-os adormecer sozinhos. Isto só é uma idéia podendo variar conforme o casal preferir. É bom estabelecer um “horário padrão” pelo menos no meio da semana, pois assim as “brigas” na hora de dormir acabam e não estressam mais o casal...

Após a hora das crianças irem dormir, é importante o casal ter um momento para “se curtirem”, trocarem idéias, contarem as novidades do dia... E namorar, que ninguém é de ferro...

O amor deve ser cultivado dia a dia. Não dá para esquecer as ofensas, o descaso do dia todo e curtir uma noite maravilhosa a dois; pelo menos não para a mulher, pois para elas o sexo é um complemento de um relacionamento, uma expressão de amor... Já para o homem o sexo por si só já é válido, não importando como foi o dia para o casal. Temos que entender o significado do sexo para o homem e para a mulher. Assim poderemos entender o que o nosso parceiro(a) pensa e tentar compreende-lo(a) e chegarmos a um acordo que satisfaça a ambos.

Para um relacionamento criar raízes é fundamental que haja respeito, companheirismo e, principalmente, comunicação. Através da comunicação começamos a entender o outro, seus anseios, suas dúvidas, medos, problemas, alegrias, enfim, podermos fazer parte do “mundo do outro”. Através do exercício da comunicação podemos crescer como casal e como indivíduos.

Que tal perguntar para o outro o que o deixa mais feliz no relacionamento e tentar repetir mais vezes? Da mesma forma, procurarmos saber o que mais aborrece o outro e tentarmos evitar? Que tal procurar fazer uma surpresa para o amado? Que tal inventar para tornar a nossa história de amor singular e nos satisfazermos como casal?

Que tal?