terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Relacionamento a Dois


Carmen Sílvia Musa Lício

Um dos relacionamentos mais difíceis de se compreender e de se manter é o relacionamento conjugal. Quando digo conjugal, estou falando do relacionamento entre um homem e uma mulher, morando debaixo do mesmo teto, casados ou não.

Você deve estar me achando “topetuda” por tentar escrever sobre este assunto tão controverso... Também acho; afinal não sou psicóloga, mas não tenho a pretensão de ser “a última palavra sobre o assunto”, muito menos esgotá-lo. Apenas quero tecer alguns comentários sobre o assunto, baseada na minha vivência pessoal, no que tenho lido, visto ,ouvido e pensado a respeito... Espero que sirva de ajuda para alguns, de “provocação positiva” para outros, enfim, de estímulo a pensarmos no assunto com mais cuidado.

Desde que nos entendemos “por gente”, pensamos em encontrar o nosso parceiro(a), aquele (ou aquela) que nos completará, que nos fará sentir aquele “friozinho na barriga”, ou pensar que temos “borboletas no estômago” quando o (a) vemos.

Então, lá pelas tantas, encontramos o tão idealizado parceiro, ou parceira. Começamos a namorar, a nos conhecer e, após algum tempo (que julgamos o suficiente, mas talvez não o necessário), resolvemos nos tornar “um só”. É aquela alegria! Tudo fica lindo, ficamos “nas nuvens”...

Só que após um tempo de convivência começamos a ver que “não era bem assim” que imaginávamos que seria o nosso “caso de amor”. Aí vem o “acordar para a realidade”, o “cair das nuvens”, a decepção, a revolta, a melancolia... Enfim,cada um tem a sua maneira de vivenciar esta fase.

Como ainda estamos apostando no tal relacionamento, procuramos nos adequar, fazer acordos, tentamos ver o “outro lado” para vermos como agir ou reagir... sei lá!

É nesta fase que mostramos se somos ou não maduros e se sabemos nos adaptar a novas situações. É uma boa oportunidade para amadurecermos e colocarmos na balança os prós e contras deste relacionamento (o que já deveríamos ter feito antes de nos aventurarmos em tamanha empreitada) e procurarmos juntos solucionar ou diminuir nossas diferenças. É um processo moroso, de muitas renúncias (de ambas as partes), de exercitarmos o perdão, de termos muita paciência e aprofundarmos o amor, enfim, alcançarmos uma vida a dois, apesar de conservarmos a nossa individualidade. Conseguindo superar esta fase, criamos um elo mais profundo e duradouro e conseguimos criar um clima de maior entendimento, cumplicidade e intimidade.

A dificuldade de um relacionamento a dois já começa pelas diferenças entre os sexos (estou sendo previsível demais?). Não vou escrever sobre as diferenças anatômicas, pois são óbvias demais, mas das diferenças emocionais, culturais e de expectativas entre os sexos...

A mulher, desde pequena, é criada para ser a parte “mais frágil” do relacionamento, para viver em função da família, para ter filhos e “ser cuidada” pelo esposo, o “provedor do lar”.

É verdade que estes papéis estão em constante mudança e já não é mais tão simples assim.

Mas, a mulher espera do casamento segurança, tanto física quanto emocional, e muitas “coisinhas” mais, tais como: respeito, atenção, cavalheirismo, companheirismo, proteção, valorização... ao mesmo tempo que quer se realizar, ter liberdade e autonomia. Enfim, que o homem satisfaça todas as suas necessidades, sendo compreensivo, acolhedor, forte, sábio.

Ao mesmo tempo que quer “pertencer”, quer ter independência... Dá para acreditar? Quer que o esposo seja líder, mas ao mesmo tempo seja gentil... Qual é o “super homem” que consegue ser tudo isto, e mais um pouco? Temos que lembrar que homem algum será capaz de preencher todas as suas necessidades. É simplesmente impossível!!!

Aliás, não podemos esperar que o outro preencha todas as nossas necessidades, ou então o casamento estará fadado ao fracasso...

A mulher precisa sentir que os seus sentimentos são validados pelo esposo, mesmo que pareçam confusos para ela, e ser por ele aceita, “apesar de tudo”. Se, às vezes, nem ela se entende!!! Necessita ainda da aprovação do marido, para manter a sua auto-estima, e de escutar sempre que ele a ama, para se sentir segura. Isto faz parte do “ser” da mulher.

Quando um homem diminui freqüentemente a sua mulher, tanto em público quanto em particular, acaba destruindo a sua auto-imagem, sua auto-estima e o seu senso de identidade própria.

Por outro lado, o homem é educado para ser o “provedor do lar”, o responsável pelas decisões mais importantes, o chefe do lar. O instinto do homem é lutar para conquistar, para vencer...

A casa e os filhos, enfim, o lar, é uma extensão da personalidade da mulher, assim como o trabalho é uma extensão da personalidade dele. Mesmo que a mulher trabalhe fora, sua prioridade é sempre o bem estar da sua família...

Enfim, o homem resume-se em “ação”, enquanto a mulher resume-se em “emoção”. Será que estou simplificando demais? Talvez esteja...

Não é difícil vermos, portanto, por que a dificuldade de nos entendermos com o nosso parceiro... São expectativas diferentes, mundos interiores muito diversos, histórias de vida singulares, objetivos diferentes...

Hoje em dia, os casais casam já pensando que “se não der certo, caio fora”. Na primeira dificuldade já começam a pensar em desistir, se compensa continuar e coisas “do gênero”. Desta forma acabam não se empenhando o suficiente para que a situação seja resolvida. Muitas vezes agimos de forma leviana e egoísta, sem nos importarmos com o que o outro está sentindo ou pensando. Assim fica difícil entrarmos em acordo e o amor vai se gastando, desgastando, até acabar.

O casal que pensa estar se casando somente com o outro, deixando a família de lado, está redondamente enganado. O parceiro é fruto da sua família, com seus erros e acertos, suas crenças, sua bagagem de vida... Não dá para o casal se “isolar”, julgando que nada os afetará...O “pacote” é completo, não dá para “compartimentalizar”, fingindo que nada vai nos afetar. Os revezes da família do outro acabam exigindo de nós, muitas vezes, tomadas de decisão que nos afetarão como casal e como família.

Outro “probleminha” bastante sério é quando um dos cônjuges acha que pode "mudar" o outro após o casamento. Ninguém muda ninguém; no máximo podemos mudar a nós mesmos, ou baixarmos o nosso nível de expectativa com relação ao outro, ou com relação à união em si.

Para que um relacionamento possa subsistir, precisamos pensar mais no outro do que em nós mesmos. Tentar fazê-lo feliz, pois só assim seremos felizes, visto que desta forma o retorno do outro será mais benéfico para alicerçar a relação a dois.

Quando o homem volta ao lar, após uma jornada de trabalho, precisa do “repouso do guerreiro”; de sentir-se bem para refazer as suas forças para o dia seguinte... Como a mulher ficou o dia todo com os “metralhinhas”, cuidando da casa, da roupa e do jantar; quer ter uma conversa com alguém adulto, que lhe dê atenção e carinho... Já o marido deseja uma “meia hora” de paz para depois, já um pouco refeito, poder se inteirar das novidades familiares, curtir os filhos, rir das traquinagens...

É necessário estabelecer uma rotina familiar saudável. Por exemplo, ao chegar, o marido já encontra os filhos com o banho tomado, toma o seu banho e os entretém enquanto a esposa, cansada da correria com os filhos, ultima o jantar. As crianças, dependendo da idade, podem auxiliar a colocar a mesa para a refeição. Após o jantar, enquanto as crianças colocam o pijama, escovam os dentes e escutam uma história lida pelo pai, a esposa lava a louça. Após se deitarem os pais se despedem, deixando-os adormecer sozinhos. Isto só é uma idéia podendo variar conforme o casal preferir. É bom estabelecer um “horário padrão” pelo menos no meio da semana, pois assim as “brigas” na hora de dormir acabam e não estressam mais o casal...

Após a hora das crianças irem dormir, é importante o casal ter um momento para “se curtirem”, trocarem idéias, contarem as novidades do dia... E namorar, que ninguém é de ferro...

O amor deve ser cultivado dia a dia. Não dá para esquecer as ofensas, o descaso do dia todo e curtir uma noite maravilhosa a dois; pelo menos não para a mulher, pois para elas o sexo é um complemento de um relacionamento, uma expressão de amor... Já para o homem o sexo por si só já é válido, não importando como foi o dia para o casal. Temos que entender o significado do sexo para o homem e para a mulher. Assim poderemos entender o que o nosso parceiro(a) pensa e tentar compreende-lo(a) e chegarmos a um acordo que satisfaça a ambos.

Para um relacionamento criar raízes é fundamental que haja respeito, companheirismo e, principalmente, comunicação. Através da comunicação começamos a entender o outro, seus anseios, suas dúvidas, medos, problemas, alegrias, enfim, podermos fazer parte do “mundo do outro”. Através do exercício da comunicação podemos crescer como casal e como indivíduos.

Que tal perguntar para o outro o que o deixa mais feliz no relacionamento e tentar repetir mais vezes? Da mesma forma, procurarmos saber o que mais aborrece o outro e tentarmos evitar? Que tal procurar fazer uma surpresa para o amado? Que tal inventar para tornar a nossa história de amor singular e nos satisfazermos como casal?

Que tal?

5 comentários:

  1. Pronto! Já tá na minha lista do Google Reader. Tinha perdido, depois que o Bloglines parou de funcionar. Volto a ser teu leitor fiel, nos dois!

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  2. *
    um compendio
    de boas maneiras,
    adorei,
    ,
    conchinhas,
    ficam,
    *

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  3. Rubinho:

    Estou tentando dar conta dos três espaços, mas o site de crônicas estáum pouco defasado...

    E ando sem computador em casa por motivos "alienatórios" à minha vontade...kkkkkkkkkk

    Mas vou continuar a postar lá e cá, até o de cá alcançar o de lá... difícil de entender?

    bjs

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  4. Poetaés:

    Não pretendi chegar a tanto... rsss

    Mas confesso que tenho ficado abismada com a falta de traquejo conjugal desta nova geração...

    Qualquer obstáculo já serve para pensar em se separar... Já se casam pensando que "se não der certo..."

    Assim , fica muito mais difícil se empenhar para que dê certo.

    abçs

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  5. *
    Amiga
    ,
    que as vagas de 2011,
    te tragam um mar de saúde e
    marés de coisas boas (se possível)
    ,
    conchinhas de amizade,
    ,
    *

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