quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Por que nos sujeitamos a tanta coisa???

Carmen Sílvia Musa Lício

Tenho visto tantas mulheres se sujeitarem a tantas situações inacreditáveis, de dar dó, ou raiva, sei lá...

A mulher conquistou duramente o seu espaço. Faz parte atuante do mercado de trabalho, da direção das empresas, do cenário político, enfim, “faz e acontece”.

Além do trabalho fora, continua em seu turno cotidiano familiar, procurando equilibrar-se na corda bamba entre os afazeres “trabalhísticos” e afazeres domésticos, como dona de casa, esposa e mãe...

Se alguém fica doente, é a mulher que tem que se sacrificar e faltar ao serviço para levar um dos filhos ao pediatra, ou correr para dar um jeito de “dar conta da criança”, do serviço ou, pelo menos, “arranjar” alguém para ficar com o “filhote” até poder voltar para casa, esbaforida, preocupada, “atropelada”, cansada, mas com “pique” para cumprir o seu turno noturno (tomara que o filho durma bem esta noite!). Isto sem contar se o marido não resolver “bater o cartão”; afinal, ela é sua mulher.

Isto que estou escrevendo não é nenhuma novidade, sei disto... Realmente, para um casamento dar certo, temos que abrir mão de muitas coisas, que nos desdobrarmos entre multi-tarefas, entre o “óbvio e ululante” e o imaginável e esperado, às vezes não tão claro.

Voltando ao início, tenho visto algumas mulheres se sujeitarem a situações, no mínimo, insustentáveis. Como aceitar um casamento onde a mulher, além de trazer o provimento para casa, é rotulada de “preguiçosa”, ou de incompetente, ou ainda é desrespeitada, quando não agredida verbalmente e, às vezes, até fisicamente?

Creio que se um casamento não está mais “dando certo”, é melhor cada um ir viver a sua vida e se separarem conservando um certo respeito. Ninguém é obrigado a conviver com ninguém. Mas tenho visto algumas mulheres se sujeitarem a um casamento de frustrações, de reclamações eternas, de descaso, de traições; tudo isto para não perder “o padrão”, não ter que “dividir o patrimônio”, por medo de ter que “ir à luta” para criar e educar os filhos sozinha.

Creio que isto, além de não fazer bem à própria pessoa, também não faz bem aos filhos. Em que clima estes “inocentes” crescerão? E qual é a idéia que terão sobre o casamento?

Não sou a favor de separações, muito menos as incentivo... Devemos investir na relação, não só esperarmos que o outro “cumpra a sua parte”, nem que “o outro mude”. Cada um tem que investir muito para um casamento dar certo. Temos que fazer concessões, colocar limites, sabermos “negociar”( no bom sentido). Um casamento só dará certo se houver muita compreensão, respeito, amor e cumplicidade (Será que estou querendo demais?). Ah! me esqueci, também tem que haver uma boa dose de perdão! Ainda tem que haver mais coisas como solidariedade e muito, muito diálogo. Muitas vezes um dos envolvidos não se comunica e já tira conclusões a respeito de algum acontecimento ou atitude do outro, e daí vai... Cada um tira suas conclusões, em geral precipitadas e até errôneas...

A comunicação entre o casal é algo muito importante a ser preservado e cultivado.

Não dá para viver um casamento de “faz de conta” nem nos acomodarmos para não “sairmos perdendo”. Quando nos sujeitamos demais, corremos o risco de acabarmos nos anulando e entrarmos em depressão, ou passarmos pela vida sem vivê-la. Será que é isto que queremos para nós, para os nossos filhos?

Creio que tudo o que acontece conosco serve para nos fazer crescer como seres humanos. É muito bonito vermos uma pessoa sair do marasmo, e “ir à luta”, tentando se superar, aprendendo com os próprios erros e com os erros dos outros. Sim, com os erros alheios! Não precisamos cometer “todo tipo de besteira” para aprendermos. Podemos “nos economizar” e percebermos que algumas atitudes não nos convém. Para que “bater com a cabeça por aí” para depois percebermos o quanto nos machucamos? Sejamos mais coerentes, aprendendo com a vida...

Já vi muitas mulheres que, quando viram seu casamento “ruir” como castelo na areia, e que, após o “período de luto”, se levantaram e, para tentar dar um futuro melhor para si e para os filhos, estudaram o que não puderam estudar antes (ou não quiseram) e, aos poucos, saíram “do caramujo”, caminhando pela vida com novas perspectivas... Isto sim é “dar a volta por cima”!!! A estas mulheres batalhadoras e incansáveis “tiro o meu chapéu”!!!

Também considero verdadeiras heroínas as mulheres que conseguem se equilibrar entre o casamento, a casa, os filhos e o emprego!!! Têm que fazer uma ginástica física e mental enormes, pois não é fácil dar conta de tudo e ainda permanecer firmes, pacientes e acolhedoras ao mesmo tempo. E haja saúde para suportar todas as tormentas da vida!!!

Cada uma tem encontrar a melhor maneira para manter ou não um casamento. É bom investir num relacionamento... o que não dá é para “ir levando”. Melhor seria procurarmos um equilíbrio a fim de vermos qual a melhor conduta, e não nos arrependermos mais tarde. Não devemos jamais tomar atitudes precipitadas; em época de crise é melhor pararmos para pensar e depois tomarmos uma atitude com maior clareza.

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